sexta-feira, 19 de novembro de 2010

As primeiras Madeleines




"E logo que reconheci o gosto do pedaço da madeleine mergulhado no chá que me dava minha tia... logo a velha casa cinzenta que dava para a rua...e com a casa, a cidade, da manhã à noite e em todos os tempos, a praça para onde me mandavam antes do almoço, as ruas aonde eu ia correr, os caminhos por onde se passeava quando fazia bom tempo... tudo isso que toma a forma e solidez, saiu, cidade e jardins, de minha xícara de chá"

Marcel Proust
Madeleines.

Diz-se que esses bolinhos foram criados - seriam esculpidos? - por uma cozinheira chamada Madeleine, para o sogro polonês de Luiz XV, Stanilas Leszczynski. Este, ao experimentá-las,  as nomeou em homenagem à cozinheira.  O fato é que a mistura de farinha de trigo, manteiga, ovos e açúcar, aromatizadas com casca de limão ou de laranja ganhou o mundo e os mais diversos sabores. Eternizadas nas linhas de Marcel Proust, em seu romance auto-biográfico "Em Busca do Tempo Perdido", foram associadas às mais saudosas lembranças da infância. Por esta razão, tornou-se corrente na França perguntar "Quais são suas madeleines?" quando refere-se a este tipo de recordação.

 “… essas várias impressões que me proporcionaram bem-estar e que, entre elas, tinham em comum a faculdade de serem sentidas, ao mesmo tempo, no momento atual e num momento passado –o ruído da colher no prato, a desigualdade das lajes, o gosto do biscoito madeleine— até fazerem o passado permear o presente a ponto de me tornar hesitante, sem saber em qual dos dois me encontrava; na verdade, a criatura que então saboreava em mim essa impressão, saboreava-a naquilo que ela possuía em comum entre um dia antigo e o atual, no que possuía de extratemporal, era uma criatura que só aparecia quando, por uma dessas identidades entre o presente e o passado, podia achar-se no único ambiente em que conseguiria viver, desfrutar da essência das coisas, isto é, fora do tempo… Tal ser nunca viera até mim, nunca se manifestara senão fora da ação, do gozo imediato, todas as vezes que o milagre de uma analogia me fizera escapar ao presente”


Confessamos: o nome do blog foi escolhido pela sonoridade, mas não por uma grande experiência com madeleines, hehe. Contudo, sentíamos uma atração incondicional a tentar esses bolinhos. Em qualquer lugar que olhássemos na internet, lá estavam elas! Fáceis, pequenas, versáteis e com formato de conchas. Ahh essas conchas. Conferem uma estética delicada, poética e autêntica, mas são tão difíceis de encontrar em lojas comuns.

Tudo mudou com a grande fornada de forminhas diferentes que chegou na Utilplast. Decidimos tentá-las após uma tarde ocupada de cupcakes de coco, que serão o próximos post. Impressionantes mesmo. Muito fáceis. Muito rápidas. Poucos ingredientes. Cheiro inebriante que inundou a cozinha. Serão repetidas à exaustão, com certeza.


Tchanan: Nossas primeiras Madeleines
Fonte: Technicolor Kitchen --- quem diria, ela também gosta de True Blood!

Ingredientes
  • 2 colheres de sopa de cacau em pó;
  • 1 colher de chá de canela em pó;
  • 1/2 xícara + 1 colher de sopa de farinha de trigo;
  • 80g de manteiga sem sal;
  • 1 e 1/2 colher de chá de fermento em pó;
  • 1 pitada de sal;
  • 1/4 de xícara + 2 colheres de sopa de açúcar;
  • 2 ovos - gemas e claras separadas;
Preparo
  1. Pré aqueça o forno a 220ºC;
  2. Unte as forminhas com manteiga e farinha;
  3. Derreta a manteriga no microondas;
  4. Misture os secos em uma tigela grande, e adicione as gemas;
  5. Bata as claras com o garfo, e adicione;
  6. Misture vigorosamente;
  7. Encha as forminhas até um pouco mais da metade, e coloque no forno. Deixe assar por 4 minutos a 220ºC, e abaixe para 190ºC. Deixe por aproximadamente 5 minutos, ou até passarem no teste do palito.
  8. Desligue o forno e deixe-as lá por alguns minutinhos: isso fará com que elas fiquem mais sequinhas, com uma forma mais definida e uma casquinha maravilhosa!
Resultado: 25 madeleines, sendo a primeira fornada com madeleines menores, mais molhadas e menos infladinhas (deveriamos ter enchido com um pouco mais de meia forma, e não apenas metade, e também deixado-as um pouco mais no forno). A segunda fornada, aprós serem feitos estes ajustes, saiu perfeita! A receita foi super rápida: em menos de 1h e 30 min, havíamos escolhido o que faríamos, descido a rua para comprar o que precisava, feito 2 fornadas e lavado a louça restante, que foi muito pouca.

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